A morte do Di CAprio

19/08/2013 14:37

Certa vez, uma amiga me pediu para que cuidasse de seu peixinho, o Di Caprio, durante uma semana, enquanto ela viajava. Logo eu, que mesmo apoiando todas as causas das associações protetoras de animais, nunca tive muita afinidade com eles. Não que eu não goste, mas não tenho muita capacidade de cuidar de nada que precise de atenção continuada. A amizade falou mais alto e, de posse das chaves do apartamento dela, me comprometi a passar lá todo dia, limpar o aquário e abastecer o peixinho com ração.

Depois de dois dias do devido tratamento realizado, me enchi de funções na faculdade e me esqueci do pobre Di Caprio.... Num repente, no meio de uma aula de Radialismo, eu me lembrei da criatura, que já devia estar morta no aquário sujo, no apartamento vazio e escuro. Há três dias eu não o visitava e me desesperei... Saí da faculdade e corri para o apartamento a fim de salvar o peixinho.

Chegando lá, o animalzinho estava vivo em um aquário fétido, repleto de suas fezes (agora também seu único alimento), nadando de um lado para outro... O lugar estava completamente empregnado de um mau cheiro imenso, que chegava a revirar o estômago de quem estivesse ainda na porta.

Bem, mesmo com ânsia de vômito, eu me dediquei a salvar o Di Caprio. Retirei o coitadinho do aquário com um coador, lavei o aquário, reabasteci o recipiente com ágia mineral, para compensar o sofrimento, e, enfim, fui lavar o peixe. Bem, por circunstâncias que não sei explicar, ele escapou do coador e foi-se pelo ralo da pia...

No início, fique meio sem ação, mas enfim, recuperada do choque, eu corri na loja de peixes, dois ônibus e uma boa caminhada a pé até lá, comprei um beta bem parecido com o Di Caprio e, com a consciência pesada, repus o peixinho no aquário.

Por muitas vezes depois, minha amiga comentava que o Di Caprio estava diferente, tristonho... E eu afirmava que peixe era assim mesmo, afinal ele passa os dias em uma redoma, nadando para lá e para cá, sem nenhuma novidade na vida... Mas, um dia ela estava mesmo preocupada porque o Di Caprio agora tinha manchas vermelhas, que antes não existiam..... A pressão foi aumentando, minha consiência me cobrando e, depois de umas cervejinhas a mais, eu explodi: "O DI CAPRIO MORREU"

Fez-se o silêncio. A expressão dela se fechou e eu já fui juntando as coisas para sair antes que ela me jogasse qualquer coisa que estivesse ao alcance de suas mãos.... Então, ela olhou para mim, contendo o riso, e disse: "EU ESTAVA ESPERANDO VOCÊ DIZER A VERDADE, PORQUE QUE ESSE NÃO É O DI CAPRIO EU JÁ SEI DESDE O DIA QUE CHEGUEI. ESSE AÍ PODE SER NO MÁXIMO O FABIO ASSUNÇÃO"