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14/09/2013 09:41

Vejo as fotos de publicidade e propagandas na televisão, onde grávidas (felizes) e bebês (limpos e lindos) demonstram o quanto é maravilhoso ser mãe e fico me perguntando.... “quando é que alguém vai dizer que as coisas não são tão lindas assim na vida real?”

Um filho é, sem sombra de dúvidas, o maior amor que qualquer mulher vai conhecer na vida, mas acho que está na hora de alguém contar o que se passará nos dias seguintes ao nascimento do pequeno ser.

Primeiramente, a não ser que seu parto seja daqueles em que a mulher já chega ao hospital “parindo”, ele vai te deixar com alguma dor e alguns pontos a serem cicatrizados. A gente anda meio curvada e quando, finalmente, encontra uma posição para dormir, a criança acorda. Affff!

A amamentação, inicialmente, é desesperadora. São raros os serezinhos que mamam sem machucar seu seio. Muitas mães amamentam com os mamilos pendurados e dói. Ah dói muito, muito mesmo...

Nunca mais (acredito eu, para mim já duram 9 anos) você vai dormir uma noite inteira na vida. E, por alguns anos, não vai sair com seu marido para uma noitada sossegada.

Os bebês têm dor de barriga, febre quando os dentes estão nascendo, reação às vacinas... E os pediatras acham tudo isso normal, enquanto você passa as noites em claro, sem ter a menor noção do que fazer.

A pequena criatura faz suas necessidades na fralda. Isso todo mundo sabe. O que ninguém parece se lembrar é que quando ele começa a se alimentar como nós, você estará literalmente enfiando a mão na merda.

Alguns deles vomitam muito. Na roupa deles, na sua, na dos outros.... E o cheiro é de leite. O leite mais azedo que você já cheirou. E, mesmo quando crescem, ainda podem ficar indispostos do nada. Meu filho acordou uma noite, quando já tinha seus 3 ou 4 anos, e vomitou no meu rosto. Meus olhos ficaram cheios de vômito, não abriam. E ele sufocava com o vômito e o vômito ardia meus olhos... Parece engraçado, mas foi bastante assustador no momento.

Para completar, quando finalmente vão ficando independentes, as criaturas acham que jamais precisaram de nós.....

Ai, ai.... Eu fiz a minha parte, mas sei que o amor há de ser maior que a dor.... Não julgo vocês, afinal, eu faria tudo de novo. A verdade é que (um segredinho): qualquer sorriso deles e a gente esquece todo o resto...

13/09/2013 14:50

Engraçado como a nossa vida nos surpreende. Ou será que somos nós mesmos que surpreendemos a nossa vida?

Quando eu estava na faculdade, tudo parecia tão simples. Eu me formaria, teria um emprego e muito sucesso. Mas, por razões que nenhuma razão é capaz de explicar eu não quis um emprego ou o sucesso e voltei para o interior.

A partir de então, vivi um processo contrário... A profissão ficou de lado. Namorei, casei, tive um filho (não necessariamente nesta ordem), me separei e enfim, fui buscar o jornalismo.

Depois de alguns trabalhos, e da gradativa recuperação da confiança profissional, redigindo como assessora, como repórter.... Eis que a louca vida me levou (ou será que fui eu que levei a minha louca vida???) para o rádio.

Este território, em que as notícias são curtas e em que há microfones e “vivos” assustadores, está me encantando e ensinando a cada dia. Tive a certeza, nesta última semana, de que nada há de mais certo do que a frase de Sócrates, o filósofo e não o jogador, “tudo o que sei é que nada sei”.

E nada sei de rádio. E nada sei dos microfones e das notícias curtas. E nada sei dos “vivos”, que ainda me assustam. Mas há algo que sei muito bem: ter a humildade de aprender.

Tenho a sorte de encontrar, pelo caminho, gente que sabe e que ensina... Tenho a sorte de encontrar pela vida amigos verdadeiros. Tenho a sorte de não ter medo de recomeçar.

E assim, vamos lá para esta nova fase da vida. Depois de resgatar a segurança no meu talento, perdê-la toda novamente ao começar a recomeçar.

19/08/2013 14:37

Certa vez, uma amiga me pediu para que cuidasse de seu peixinho, o Di Caprio, durante uma semana, enquanto ela viajava. Logo eu, que mesmo apoiando todas as causas das associações protetoras de animais, nunca tive muita afinidade com eles. Não que eu não goste, mas não tenho muita capacidade de cuidar de nada que precise de atenção continuada. A amizade falou mais alto e, de posse das chaves do apartamento dela, me comprometi a passar lá todo dia, limpar o aquário e abastecer o peixinho com ração.

Depois de dois dias do devido tratamento realizado, me enchi de funções na faculdade e me esqueci do pobre Di Caprio.... Num repente, no meio de uma aula de Radialismo, eu me lembrei da criatura, que já devia estar morta no aquário sujo, no apartamento vazio e escuro. Há três dias eu não o visitava e me desesperei... Saí da faculdade e corri para o apartamento a fim de salvar o peixinho.

Chegando lá, o animalzinho estava vivo em um aquário fétido, repleto de suas fezes (agora também seu único alimento), nadando de um lado para outro... O lugar estava completamente empregnado de um mau cheiro imenso, que chegava a revirar o estômago de quem estivesse ainda na porta.

Bem, mesmo com ânsia de vômito, eu me dediquei a salvar o Di Caprio. Retirei o coitadinho do aquário com um coador, lavei o aquário, reabasteci o recipiente com ágia mineral, para compensar o sofrimento, e, enfim, fui lavar o peixe. Bem, por circunstâncias que não sei explicar, ele escapou do coador e foi-se pelo ralo da pia...

No início, fique meio sem ação, mas enfim, recuperada do choque, eu corri na loja de peixes, dois ônibus e uma boa caminhada a pé até lá, comprei um beta bem parecido com o Di Caprio e, com a consciência pesada, repus o peixinho no aquário.

Por muitas vezes depois, minha amiga comentava que o Di Caprio estava diferente, tristonho... E eu afirmava que peixe era assim mesmo, afinal ele passa os dias em uma redoma, nadando para lá e para cá, sem nenhuma novidade na vida... Mas, um dia ela estava mesmo preocupada porque o Di Caprio agora tinha manchas vermelhas, que antes não existiam..... A pressão foi aumentando, minha consiência me cobrando e, depois de umas cervejinhas a mais, eu explodi: "O DI CAPRIO MORREU"

Fez-se o silêncio. A expressão dela se fechou e eu já fui juntando as coisas para sair antes que ela me jogasse qualquer coisa que estivesse ao alcance de suas mãos.... Então, ela olhou para mim, contendo o riso, e disse: "EU ESTAVA ESPERANDO VOCÊ DIZER A VERDADE, PORQUE QUE ESSE NÃO É O DI CAPRIO EU JÁ SEI DESDE O DIA QUE CHEGUEI. ESSE AÍ PODE SER NO MÁXIMO O FABIO ASSUNÇÃO"